segunda-feira, 8 de março de 2010

cala-te boca ou o azedume de uma tarde de verão

A haver estranhos factos, na história recente de Portugal, estarão eles em grande número, e, sem dúvida, na vida política do país; com maior precisão, desde o período revolucionário a esta parte. E são eles factos passíveis de análise metafísica, mutações na ordem humana que, por padecerem de verosimilhança, quiçá, sejam eles provenientes de uma outra esfera astral, de distantes realidades informes, e, como tal, só o auxílio das ciências mais obscuras nos pode encontrar explicação para tais bizarrices.
Ou então façamos uma leitura mais terrena e aceitemos estes indivíduos, de que vou falar em seguida, tomados apenas pelo lânguido tlintar do vil carcanhol que lhes torna as feições.
Os meses que procederam Abril de 74 são marcados por uma experiência sígnica capaz de abater de profunda depressão o semiólogo mais esforçado, para isso bastaria-lhe entrar numa sede do PSD por essa altura e dar-se de cara com um Marcelo Rebelo de Sousa de barbas e um "Povo Livre" na mão.

Tão irreversível quanto a imberbe do professor, o socialismo mencionado é prova dessa outra época, tão bem descrita por Álvaro Cunhal no capítulo "Todos pelo Socialismo" do livro A Verdade e a Mentira na Revolução de Abril. Uma época em que a escalada ao poder (e o ataque à revolução) se fez por intermédio da mentira, subsidiada pelos sempre-presentes-em-assuntos-para-os-quais-não-são-vistos-nem-achados Estados Unidos da América (já lá iremos mais adiante).

Fiquemos ainda com o testemunho de alguém que, fazendo jus a honrar a tradição marítima portuguesa, está sempre disponível a abandonar o barco, e que hoje em dia navega a Europa liberalista. É também pessoa de, em algum momento histórico, encarnar um D. Sebastião e ir brincar às guerras santas com os seus amigos. De penar que Portugal fique do mesmo modo refém, desta vez não de Espanha, mas sim, da história por essa ocupação hedionda e de intuitos nada duvidosos. De realçar, ainda que fosse desnecessário, que a população portuguesa nunca apoiaria a invasão militar se, sobre ela, fosse questionada; claro que à boa maneira democrática tomou a decisão como quem toma chá.



Para que não me acusem de parcialidade e porque os quero tratar a todos por igual, deixo aqui mais uns documentos da incongruência de outras marionetas que, se ligados a outros partidos, são afectos ao mesmo liberalismo, à mesma política submissa do capital.




Este senhor, que vimos recentemente vagabundear por um prostíbulo político na zona do Rato, tem direito a uma fotografia de família que lhe ilustre (para ele será lustre) o seu passado democrático.
Não sei de que sociedade sem classes fala, mas que a sua acção política contribuiu para uma sociedade sem classe lá isso é verdade. Talvez ainda estivesse em convalescença devido à queda do regime quando proferiu esta barbaridade.

E, talvez, o leitor admirado com as minhas ásperas palavras, se pergunte o porquê chamar alcoice à sede do Ps, pois bem, dá-se o facto, recorrente, de vários filhos da política lá irem parar, pessoas honradíssimas, que tanto defendem os trabalhadores e o povo como o grande capital e a exploração. Atente-se neste primor, nesta coerência ideológica, quando comparada com o Vital Moreira dos dias de hoje.



Lá está, andava à procura do socialismo, pena que o foi encontrar na sua forma distorcida e corrompida nos braços do José Sócrates que, como bem se sabe, pensa que socialismo é entregar os bens produtivos a Américo Amorim e conceder empreitadas de somas avultadas às empresas onde trabalham ex-ministros do Ps. Isto à semelhança da tradição a que o Ps nos habituou.

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