segunda-feira, 19 de abril de 2010

as peles do ordeiro

Viva o reitor! Viva a propina máxima! Viva o bispo de Braga! (um neologismo seria de bragas).


Não, não é. Podia ser mas ainda não é. A frase convida o leitor a pensar tratar-se do mais novo grito dos estudantes durante a queima das fitas porém, devido a uma pequena confusão lexical, os estudantes apoiam umas coisas e desbaratam pelas ventas fora outras.

É interessante ver como as instituições universitárias se mostram complacentes com os ritos fascistas que os alunos praticam, muitas vezes debaixo do mesmo tecto onde, acredite-se, se diz existir ensino universitário. Ou será que então, fazendo jus à etimologia da palavra, ensinar-se-ia aí tudo, inclusive a degradação do ser humano, o desprezo, a humilhação dos nossos pares. O que realmente acaba por não ter sentido nenhum é professar praxes em cursos ditos humanistas (ou para ser mais exacto humaniscas). Será essa a humanidade que vêem, talvez.

Assim, com pezinhos de lã, marcha o fascismo entre nós, um fascismo que não é carrancudo, não é antipático, nem arranca unhas com alfinetes por dá cá aquela palha, não senhor. Isso são coisas passadas, agora o fascismo é alegre e divertido, aceite e propagandeado, bebe vinho à mesa e canta modinhas às moças distraídas.

Por isso lanço o repto: Pais, Mães, muito cuidado, se virdes vossos queridos e amados filhos com a cara pintada, cuecas por em cima das calças, um sorriso pacóvio, não tenhais duvidas, está instalado o processo de fascizenação nas vossas crias, é necessário agir com prontidão:
Primeiro, anular qualquer matricula no ensino superior e remeter vossos rebentos à escola primária onde, se querem andar fardados pode ser de bibe e assim já podem cumprir o desejo de pintar sem terem de sujar tudo.
Segundo, vigiai suas actividades, por vezes os pequenos fascistas dizem que vão sair a tomar café e na verdade vão ver filmes pró-fascistas com os amigos como O Crime do Padre Amaro, Sorte Nula, Second Life, A Bela e o Paparazzo, normalmente se apanhados usam a velha desculpa de estarem a apoiar a cultura nacional. Se, por outro lado, se inclinam mais para a máquina de guerra anglo-saxónica é normal encontrá-los em filas intermináveis esperando impacientemente para assistirem aos seus líderes favoritos como Avatar ou O Senhor dos Anéis.
Terceiro, arrecadem qualquer produto alimentar fora de prazo e não lhes confiei o lixo doméstico, ao ouvirdes "deixa estar que eu baixo o lixo" o fascista quererá dizer "deixa estar que eu baixo ao nível do lixo", acabando por dar uso a esses resíduos nas práticas académicas para deleite dos intervenientes. Anexo uma fotografia que vos auxiliará a identificar os pequenos salazares:


Atentai no uso de luvas por parte do executante, actua segundo as mais rígidas normas praxistas em que, por questões higiénicas, não se deve tocar os novos membros até se ter completa certeza de se estar na presença de um facho (normalmente a passagem à fase adulta dá-se pelo surgir de uma penugem em forma quadrada sob o nariz, as mais recentes inovações depilatórias fazem com que este reconhecimento seja cada dia mais difícil de efectuar). Atenção! Há um caso específico em que esta norma não se aplica de todo, o da coacção à prática sexual, aí os indivíduos mascarados (de ambos os sexos) procuram parceiros que por submissão se vêem obrigados a praticar o coito sem fins reprodutivos (o que acaba por ser um tanto incoerente face às suas convicções religiosas de prestar reconhecimento a bispos), isto deve-se em grande medida à incapacidade desses indivíduos encontrarem parceiros de forma natural sendo assim obrigados à coacção, normalmente por via da intoxicação alcoólica, para se satisfazerem. É também usual o recurso a encenações de cariz sexual de modo a desinibir os novos membros de qualquer tipo de auto-estima e amor pelo próprio corpo, como podeis comprovar pelo documento anexo:Por tudo isto não tenhais duvidas, se vossos rebentos cheirarem a comida podre não é por que cozinhem mal, se os ouvirdes chamando de doutores a gente que não sabe ler nem escrever não se trata de modéstia ou humildade mas sim de estupidez, se, acima de tudo, os confrontardes não estranheis que vos digam que não, que os tratam muito bem e que ali são todos iguais, não é o bom senso a falar mas sim a prática unitária e reducionista fascista a actuar. Rogo-vos uma última e esclarecedora prova, se vos sentardes à mesa com vossos filhos e se eles não conseguirem beber um copo de vinho sem ser de golada é prova cabal de que se deu a transformação.

São assim os fascismos, nunca damos por eles até ao momento em que estão no poder e aí já é tarde demais.

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